Por Flavio Veiga | Tradução e adaptação para blog

“Me engane uma vez, a culpa é sua. Me engane duas, a culpa é minha.”

Essa frase popular resume bem o cenário que ainda se repete em muitas escolas que dizem formar alunos “fluentes” em inglês. Veja só:

📍 Uma coordenadora de inglês em Porto Alegre garante que a maioria dos seus alunos conclui o Ensino Médio no nível C2 no Quadro Europeu Comum de Referência (CEFR).

📍 Em São Paulo, outra coordenadora vai além: mais de 80% dos seus alunos sairiam do Ensino Médio com esse mesmo nível — o mais alto na escala de proficiência.

Mas aí vem a ciência: pesquisadores da ETS (Educational Testing Services), em Princeton, EUA, afirmam que não há evidência de que um falante não nativo consiga atingir o nível C2. Segundo eles, até mesmo nativos só atingem esse patamar quando são especialistas em linguística.

Então… o que está acontecendo?


🧩 A história da adolescente em João Pessoa

Em João Pessoa, uma menina de 15 anos discutiu com a mãe:

“Mãe, você prometeu aumentar minha mesada se minhas notas melhorassem!”

“Minha filha, elas melhoraram… exceto em inglês: você tirou seis de dez?”

“Mãe, a gente tá conversando em inglês agora mesmo. Alô?!”

“Verdade! Como assim só seis?!”

A resposta veio rápida:

“Nem eu entendi, mãe. As provas são esquisitas demais!”

A mãe então investigou. Descobriu que a escola avaliava apenas o conteúdo gramatical do livro, e não a capacidade real da filha de se comunicar em inglês no mundo real. Resultado: fez uma denúncia formal à direção pedagógica da escola.


📉 O que essas histórias têm em comum?

Uma pergunta central: como essas escolas estão medindo o nível de inglês dos alunos?

A verdade é que toda avaliação só é confiável quando a ferramenta de medição também é.
Nos dois casos acima, as escolas estavam aplicando testes que só medem o conteúdo do livro, não a competência comunicativa real.

Pior: o teste tinha sido comprado do mesmo grupo editorial que vendeu o livro.

É como deixar a raposa tomando conta do galinheiro.


🔍 E na sua escola?

Você sabe o que está sendo medido?

✅ O que o aluno consegue produzir em inglês em situações reais?
❌ Ou o quanto ele decorou da última unidade do livro?

Talvez seja hora de voltar ao quadro de planejamento pedagógico e se perguntar:

“Estamos aplicando provas que avaliam a vida real ou só alimentando um sistema que vende mais livros?”


🌍 O risco na corrida pelo bilinguismo

Hoje, há uma corrida intensa por programas bilíngues no Brasil.
Pais estão mais conscientes de que o inglês abre portas reais — acadêmicas, profissionais e pessoais.

Mas se a escola promete bilinguismo e entrega apenas boas notas baseadas em memorização, isso não gera fidelidade. Gera frustração.

📊 Escolas que entregam proficiência real têm muito mais chances de fidelizar famílias e construir uma reputação sólida.


💬 O que está em jogo não é só uma nota. É confiança.

James Clifton, CEO da Gallup, afirma:

“O valor financeiro de qualquer negócio está diretamente ligado à sua capacidade de gerar clientes fiéis.”

No caso da educação, o cliente fiel é aquele pai ou mãe que enxerga resultado de verdade. Que vê o filho se comunicando em inglês com confiança — e não só tirando 9 na prova do livro.


✨ Para refletir:

Se a sua escola quer ser reconhecida como referência no ensino bilíngue, a pergunta não deve ser:

“Quantos alunos tiraram nota alta?”

Mas sim:

“Quantos alunos realmente usam o inglês com segurança no mundo real?”

Fica a provocação — e o convite para refletir.

Boas reflexões, boas decisões. E mais propósito em cada resultado.